domingo, 12 de fevereiro de 2012

Lindemberg não terá coragem de me encarar no júri, diz mãe de Eloá

Ana Cristina Pimentel quer pena máxima para acusado de matar sua filha.
Julgamento está marcado para segunda (13) no Fórum de Santo André.


Mãe de Eolá no enterro da filha (Foto: Reprodução/TV Globo)Mãe de Eolá no enterro da filha (Foto: Reprodução/
TV Globo)
À véspera do julgamento de Lindemberg Alves, acusado de matar Eloá Pimentel em 2008, a mãe da garota, Ana Cristina Pimentel, tem uma certeza: "Ele não tem coragem de olhar para mim". Em entrevista ao G1, a mãe diz sempre ter olhado diretamente nos olhos do acusado pelo crime, mesmo em audiências anteriores, mas que o jovem evita encará-la.
O júri está marcado para iniciar às 9h desta segunda-feira (13), no Fórum de Santo André, no ABC paulista. Ana Cristina diz, por e-mail, que se recorda da época em que o rapaz, ex-namorado de Eloá, era próximo da família, antes de manter a garota em cativeiro por quatro dias com mais três jovens - a estudante Nayara Rodrigues da Silva, de 18 anos, e dois colegas de escola. "Todos nós gostávamos muito dele e não esperávamos que ele fosse tão covarde assim", afirma a mãe.
A expectativa de Ana Cristina é que Lindemberg seja condenado e receba a pena máxima pelos crimes cometidos. "Gostaria que ele ficasse o resto da vida preso, pois o que ele fez com a minha filha é imperdoável." O réu vai ser julgado por 12 crimes, incluindo homicídio duplamente qualificado contra Eloá (sem possibilidade de defesa e com requintes de crueldade), duas tentativas de homicídio (contra Nayara e um policial militar), cárcere privado e disparo de arma de fogo. Os crimes foram cometidos no dia 13 de outubro de 2008.
Eloá foi morta após ser mantida refém por Lindemberg (Foto: Robson Fernandes/AE - 19.11.2008)Eloá foi morta por Lindemberg após ter sido feita
refém (Foto: Robson Fernandes/AE - 19.11.2008)
A mãe ressalta ter dificuldade para aceitar que a filha tenha morrido."Eu e o pai dela tínhamos esperança que ele [Lindemberg] fosse deixar Eloá sair do apartamento com vida. Até hoje não acredito que ele tenha feito essa barbaridade", lamenta.
A mãe também se diz reconfortada pelo fato de pessoas terem recebido os órgãos da filha. Segundo ela, eles foram doados "para que outras pessoas tivessem vida".
Ana Cristina está sedada e muito abalada com o caso, segundo o advogado José Beraldo, que intermediou o pedido de entrevista.
ProvasEntre as provas que vão ser usadas contra Lindemberg no júri estão gravações em áudio da negociação entre os policiais e o acusado que mantinha as garotas em cativeiro. Segundo o advogado de acusação, Lindemberg mencionou várias vezes a intenção de matar as vítimas.
Nayara deixa o fórum (Foto: Adriano Lima/Foto Arena/AE)Em novembro de 2011, Nayara prestou depoimento
em Santo André (Foto: Adriano Lima/Foto Arena/AE)
Também será usado um laudo da perícia do Instituto de Criminalística (IC) que atesta que a arma e as balas usadas contra Eloá e Nayara eram as mesmas que o acusado levava.
Cinco testemunhas de acusação vão depor no caso: os três jovens mantidos reféns -  Nayara, Victor Lopes de Campos e Iago Vilera de Oliveira -, o irmão mais velho de Eloá, Ronickson Pimentel dos Santos, e o policial militar Atos Antonio Valeriano, que iniciou as negociações com Lindemberg.
Para a promotora Daniela Hashimoto, Ronickson é peça-chave na construção do perfil do acusado, por ter presenciado a agressividade de Lindemberg. "Foram momentos antes da invasão da casa de Eloá e momentos durante a invasão, quando ele tentava conversar por telefone com o réu", diz.
Sobre o caso
Lindemberg, que na época tinha 22 anos, invadiu o apartamento em que morava a ex-namorada Eloá, então com 15 anos, em um conjunto habitacional na periferia de Santo André, no dia 13 de outubro de 2008. Além dela, Nayara e dois amigos das garotas que faziam trabalhos escolares foram mantidos reféns.
Após várias horas de negociações com o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar, Lindemberg concordou em libertar os garotos e Nayara. Mas ele não cedeu em deixar Eloá sair.
O sequestro terminou no dia 17 de outubro. Nayara voltou ao apartamento, após ser chamada para para ajudar na negociação, sendo mantida novamente refém. Quando a polícia invadiu o local, tanto a garota quanto Eloá foram alvo de disparos. Eloá foi atingida duas vezes.
Por decisão da Justiça, Lindemberg foi preso preventivamente desde o término do sequestro das vítimas. Ele segue detido na Penitenciária de Tremembé, no interior do estado. O jovem será interrogado durante o júri e, caso queira, poderá ficar em silêncio. A linha de defesa do réu no julgamento poderá ser a de que a invasão da PM ao apartamento provocou a morte de Eloá. A advogada não foi localizada. Na sexta (10), ela estava com Lindemberg na prisão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário