Cidade nasceu para proteger portugueses que moravam ao Sul de índios.
Dia de 5 agosto foi o primeiro passo, mas não a fundação, diz escritor.
Neste domingo, dia 5 de agosto, são comemorados os 427 anos da cidade
de João Pessoa. Forjada às margens do Rio Sanhauá, por conta do relevo
que permitia uma melhor defesa de possíveis ataques inimigos, nasceu
para impedir avanços de hordas de guerreiros indígenas aos portugueses
instalados ao Sul, conforme afirma o escritor Wellington Aguiar, autor
de sete livros que abordam a história da capital paraibana, dentre eles
“Uma cidade de Quatro Séculos”, em parceria com o historiador José
Octávio de Arruda Melo, e “Descrição Geral da Capitania da Paraíba”, em
parceria com o também historiador Marcus Odilon.
Wellington Aguiar escreveu sete livros que contam a
história da cidade de João Pessoa ao longo de seus
anos (Foto: André Resende/G1)
história da cidade de João Pessoa ao longo de seus
anos (Foto: André Resende/G1)
Uma cidade que nasceu para ser cidade. Assim como a coroa portuguesa
tinha feito poucos anos antes com Salvador e com o Rio de Janeiro. Não
por acaso possui o título de terceira capital mais antiga do Brasil,
justamente atrás das capitais baiana e fluminense. Antes de ser João
Pessoa, foi chamada por diversos nomes. Filipeia, Filipeia de Nossa
Senhora das Neves, Frederica ou Frederikstad e Parahyba foram alguns
deles. Um lugar que antes de ser cidade foi terra dos guerreiros povos
tabajara e potiguara, conforme Aguiar.
Para Wellington Aguiar, quando se conta a história de João Pessoa é
preciso passar por três momentos marcantes de seus mais de 400 anos. A
paz selada entre portugueses e indígenas em 1585, a ocupação holandesa
em 1635, que durou 20 anos, e a morte do então presidente da Paraíba,
João Pessoa, em 1930.
“Os índios potiguaras e tabajaras viviam em guerra. Cerca de 4 mil
tabajaras e pouco mais de 10 mil potiguaras. Até então não havia
relações amistosas com os portugueses. Somente quando o cacique tabajara
Piragibe mandou dois guerreiros em expedição falar com Martim Leitão,
ouvidor do Brasil em Pernambuco, foi que começou a se esboçar uma paz.
Selada justamente no dia 5 de agosto de 1585, que não foi propriamente o
dia da fundação da cidade, mas o primeiro passo para sua formação”,
comentou.
saiba mais
Diferentemente do que foi convencionado, o escritor afirma que a data
verdadeira da fundação de João Pessoa foi o dia 4 de novembro de 1585.
“Em 5 de agosto de 1585, os portugueses não tinham vindo para fundar a
cidade, apenas para selar a paz com o povo tabajara. Tanto é que se
tratava de uma expedição pequena comandada por João Tavares. Não
trouxeram engenheiros, cavoqueiros, muito menos pedreiros. Era uma
expedição de paz”, afirma Aguiar. A cidade só seria fundada após a vinda
de Martim Leitão, que só chegou em solo paraibano no final de outubro,
dando início à cidade apenas no início de novembro de 1585.
Escritos de um padre jesuíta anônimo, que segundo Aguiar só permaneceu
desconhecido pois na época a Igreja Católica não permitia que assinassem
publicações, relata a vinda do ouvidor até a Paraíba e o início da
cidade no dia 4 de novembro. A paz parcialmente selada com a fundação da
cidade duraria 50 anos, pois em 1635, os portugueses perderiam o espaço
para o holandeses, que ficaram com o domínio de João Pessoa por cerca
de 20 anos.
Uma tropa portuguesa comandada por Vidal de Negreiros, um dos grandes
heróis da Paraíba, segundo o historiador, foi responsável por devolver o
domínio de João Pessoa à coroa portuguesa.
Ocupação holandesa e a morte de João Pessoa
Ocupação holandesa e a morte de João Pessoa
Após a expulsão dos holandeses, passaram-se mais de 200 anos até chegar
ao último fato marcante de sua história, a morte de João Pessoa,
conforme Wellington. Segundo o escritor, o fato de transformar a cidade
de Parahyba em João Pessoa, não foi uma determinação política, mas uma
manifestação da população. “Diversas passeatas e manifestações foram
feitas pela população pedindo a mudança do nome. Inclusive o primeiro
movimento realizado pelas mulheres paraibanas, as alunas da Escola
Normal”, comentou.
Admirador da política do então presidente do estado, como era chamado o
cargo de governador em meados de 30, Wellington Aguiar, também autor do
livro “João Pessoa - O Reformador” onde transcreve as cartas escritas
por João Dantas antes do assassinato do presidente da Paraíba, explicou
que João Pessoa remodelou a política oligárquica que dominava o estado.
A Avenida Epitácio Pessoa, segundo Aguiar,foi um
dos avanços pensados pelo presidente do estado
João Pessoa (Foto: Arion Farias/Arquivo Pessoal)
dos avanços pensados pelo presidente do estado
João Pessoa (Foto: Arion Farias/Arquivo Pessoal)
“Nomeou novas pessoas livre das oligarquias em todas as esferas.
Inclusive, indo de encontro com o que seu tio Epitácio Pessoa,
oligárquico, e seus demais familiares pregavam na época”, ressaltou.
Fato que, segundo Aguiar, levou à sua morte. “João Dantas matou João
Pessoa não foi por conta de mulher, mas pelas sucessivas decisões de
João Pessoa que afetavam os rumos comerciais da família de Dantas. Antes
do crime, ocorrido na Confeitaria Glória, na capital pernambucana
Recife, houve muitas trocas de farpas entre os dois por meio de jornais
da Paraíba e de Pernambuco”, revela.
De acordo com Aguiar, poucos meses depois da morte de seu presidente, a
Paraíba passava a chamar sua capital de João Pessoa. “João Pessoa
morreu em julho de 1930, em setembro do mesmo ano seu nome foi dado à
capital do estado”, completou o escritor.
Chamada por vários nomes ao longo dos anos. Nascida para ser cidade e
formada para proteger, João Pessoa chega aos seus 427 anos, completos
cronologicamente somente em 4 novembro e simbolicamente em 5 de agosto,
como uma cidade que, mais que história, possui relatos de conquistas,
avanços e vitórias. Fonte G1pb
Nenhum comentário:
Postar um comentário