“Estou desesperada, revoltada com essa greve que não termina”.
“Padre, três meses em casa, de braços cruzados, nem estudo, nem emprego”.
“A
cada dia que passa, vou ficando estressado, triste, sem graça. Essa
greve já passou dos limites, já está fazendo a gente perder até a
esperança na vida”.
Uma
mãe me falou: “meu amigo padre, meus filhos estão em casa, chateados,
magoados, tristes, desesperados com essa greve sem fim. Eu, como mãe,
não suporto ver meus filhos sofrendo tanto”.
Outra
mãe: “aluguei um apartamento para minhas duas filhas. Veja o que
acontece: minhas filhas em casa, e eu pagando o aluguel. Estou
revoltada, muito revoltada”.
Uma
jovem universitária me falou: “padre Djacy, estou perdendo a esperança
de concluir meu curso e de arrumar um emprego. Minha vida, por causa
dessa greve, vai ficando escura, estou vendo a hora pegar uma
depressão”.
Após
ouvir alguns universitários sertanejos, especificamente do Vale do
Piancó, manifestando seu desespero, seus tormentos, seu pessimismo e
revolta, resolvi, na condição de cidadão e pastor, fazer um humilde
apelo aos heróis professores universitários.
Queridos
professores grevistas das Universidades Federais do meu Brasil, da
minha amada Paraíba, vocês têm todo meu apoio na sua luta por melhores
condições de trabalho, por salário justo, digno, e outras reivindicações
meritórias. Parabéns pela luta renhida. Porém, com quase três meses de
paralisação, questiono o seguinte: é justo deixar milhares e milhares de
estudantes sem aula? É justo, que nossos sofridos estudantes
universitários fiquem em casa, parados, perdendo tempo, perdendo o
entusiasmo pelos seus estudos e, o pior, perdendo a esperança de dar
continuidade ou concluir o seu tão sonhado curso? É justo, senhores
professores,que nossos estudantes se desesperem, percam o otimismo, a
esperança, e entrem em estado de angústia, desespero, melancolia,
depressão?
Senhores
professores, o governo federal já lhes apresentou várias proposta de
aumento salarial e outras efetivas soluções, então, por que não parar
com essa greve que, indubitavelmente, está causando desespero e revolta
à classe estudantil e à sua família? Por que não encerrar essa greve
(justa) e dá um tempo ao governo para que o mesmo estude a viabilidade
de apresentar-lhes outra contraproposta satisfatória? Será que não
chegou a hora de pensar nos sofrimentos dos alunos, de sua família e da
própria sociedade? Será que não chegou a hora de pensar nas terríveis
conseqüências que essa greve está causando na vida dos pobres
estudantes? Lembrem-se, senhores professores, essas conseqüências terão
suas marcas profundas, indeléveis, na história acadêmica e profissional
dos nossos heróis estudantes.
Numa
luta reivindicatória, não podemos priorizar somente a razão, mas o
coração, também. Por isso, pergunto-lhes: não chegou o momento de deixar
o coração ou a sensibilidade falar, agir, para o bem da própria
categoria e felicidade dos estudantes?
Senhores
professores, vocês são formados, a maioria com mestrado, doutorado.
Todos, que benção, com seus empregos garantidos. Sonhos realizados!
Agora, peço-lhes, até pelo o amor de Deus: pensem nos pobres estudantes
que ainda, coitados, com muito sacrifício, dificuldades, batalham para
concluir seu curso tão sonhado. E o pior, seus professores, terão que
enfrentar uma luta renhida, desigual, cruel, para conseguir seu lugar no
mercado de trabalho. Se conseguirem, claro, será um MILAGRE.
Senhores
professores, entendo a situação de vocês, aliás,repito,têm meu
incondicional apoio, mas, por favor, com a sensibilidade que lhes é
inerente, façam uma reflexão e tomem a melhor decisão: a decisão de
voltar às salas de aula. Só assim, a esperança, a alegria, o entusiasmo e
a felicidade voltarão a reinar nos corações dos queridos acadêmicos. E o
Brasil agradecer-lhes-á.
Padre Djacy Brasileiro, em 13 de agosto de 2012
E-mail: padredjacy@hotmail.com
Twitter: @padredjacy
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